Agradecemos a Deus, muito, mas
muito mesmo, pois tivemos a honra, tivemos a alegria, tivemos a oportunidade de
conviver com a senhora, D. Dochinha, por tantos anos. Por 97 anos como diria a
senhora, que a cada aniversário sempre nos informava os anos que iria viver, sempre
um ano há frente, a gente comentava que iríamos comemorar o centenário, a
senhora sempre afirmava que sim, agora estamos aqui sem entender.
Motivos para agradecer o tempo da
senhora conosco, temos demais. E quando a gente fala assim, com certeza não
somos apenas nós, os filhos nascidos da união da senhora com nosso querido pai,
o seu Geraldo. Os filhos, as filhas da senhora, são muitos, muitas. Os irmãos,
as irmãs, muitas! Nós sentimos isso enquanto a velávamos na Capela de São
Vicente de Paula, um grande conforto, cada pessoa que chegava abraçava cada um
de nós, filhos ou filhas, genros ou noras, netos ou netas, bisnetos ou
bisnetas, sem querer repetíamos também as palavras de sentimentos que nos era
passada, sentimentos para todos nós!
Éramos assim que sentíamos, todos nós que lá estávamos, muito sentidos pela
partida da senhora.
Motivos para agradecer, até nestes
últimos dias, nestes últimos momentos, temos demais. Primeiro o carinho e
atenção que a senhora recebia dos médicos e médicas, atendentes, enfermeiras e
enfermeiros. Carinho que também chegava até nós, nos confortando. Já
recuperando da cirurgia, todos nós pudemos ainda senti-la, ouvi-la, sabíamos
que estava nos ouvindo. Tivemos então oportunidade de falar com a senhora
tantas coisas, aquelas coisinhas que às vezes a gente evitava falar, pois
tivemos a oportunidade de falar, da senhora nos escutar, nos perdoar, ser
perdoada, transmitir mensagens que nos chegavam de longe, de muito longe, desde
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, desde o Sertão, de Montes Claros,
Montezuma, desde a Europa, Córdoba, Espanha, Austrália e África. Muitos
lugares, muita oração, muita energia que chegava até a senhora, mensagens esta
que também nos confortavam!!!
Seus últimos momentos, não temos
como nos esquecer, bem atendida, na calidez de uma noite que seria tão longa,
no momento que seria o último suspiro, na mesma hora, estávamos todos de braços
dados, na sua casa no Bairro das Palmeiras, na casa de seu filho na Quintino
Bocaiúva, orando o Pai Nosso, a Ave Maria, orações que senhora nos ensinou
desde criança. Abraçados estávamos todos, sabendo, como a senhora gostaria que estivéssemos
mesmo, abraçados, sempre abraçados, este era um dos seus ensinamentos. Então,
nesta hora de dor tão grande, foi também o conforto que tivemos para regar as
lágrimas que corriam, que desciam, sem barreiras. Estávamos todos abraçados no
momento em que partia!
Sem entender passamos todo o velamento. A
senhora lá tão linda, de rosa, como gostava de se vestir em vida, eram tantas
pessoas, não tínhamos ideia de tanta gente que a circulava, neste momento de
despedida, estavam lá as mulheres do Grupo Convivência em sua roda, orando,
louvando, o Folcolares com suas mensagens de esperança, a Guarda de Nossa
Senhora Rainha devidamente fardada, estava lá o Congado com os tambores
silenciados pela quaresma, no rito de passagem, com as rezas de entrega da
senhora ao Senhor, estava lá o Padre Ercílio, que em nome dele, todos os outros
cinco padres e ministros, nas orações mediadas pelo Evangelho de Cristo nosso
Senhor e, em todos estes rituais, nossas almas sendo preparadas, confortadas ao
saber que estava sendo bem entregue ao senhor nosso Deus.
Com certeza em meio às palmas, às
orações, às canções, ao som da flauta ou da gaita ... “amigo é coisa, para se guardar”... o aplauso maior tenha sido
à aquelas pessoas tão queridas e que, distantes por questões que pouco sabemos
explicar, ouve o seu chamado e se irmana Naquele que é maior, naquilo que é o
mais importante, no abraço que reúne as famílias em torno de Deus nosso senhor,
em um conforto imensurável a marcar a partida da senhora do meio de nós!
Da mesma maneira, sem nada entendermos,
no momento mais triste da despedida, no momento da saída da capela, o silêncio quebrado
pela força da tempestade que lá fora caía, dos relâmpagos que repercutiam nossa
dor desta partida, seria esta a última resistência de D. Doxa? Pois não é que,
em seguida ao pedido silencioso à Deus, a chuva não pára naquele mesmo momento
e o Senhor nos manda dois arco-íris para cortejar a saída de D. Dochinha?
Não tínhamos mais o que falar a
partir deste momento, enquanto víamos no céu, entre os arco-íris, no entremeio
das nuvens escuras, um clarão de luz iluminando a tarde! Era a Senhora a
recebendo, e nós daqui da terra, confortados, a entregando! Foi então que, no
silêncio, o corpo foi repousar ao lado de seu esposo, de sua irmã.
Agora, neste momento tão especial, nesta
Igreja que a senhora nos educou, no meio de tantas pessoas queridas, desta
família maior que a senhora tanto cultivou, família que hoje, desde Sete
Lagoas, se espraia Minas Gerais a fora. Amigos sei que a senhora tem em
Jequitaí, cidade onde nasceu, em Brejo dos Crioulos, na Tapera, em Porteirinha,
em Serranópolis de Minas, em Matias Cardoso, e também em Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, como também aqui em Montes Claros
onde no Colégio Imaculada Conceição estudou na década de 1930, onde há poucos
meses atrás comemoramos, com muita alegria, o seu aniversário de 96 anos, nesta
mesma igreja de São Francisco de Assis, em seguida ao Solar dos Sertões, onde
foi recebida com muito carinho pelos parentes, colegas e amigos do
CAA.
Neste momento tão especial, a todas vocês, a todos vocês, expressamos os nossos agradecimentos, aos que aqui vieram, aos que aqui não puderam vir, por sermos uma só família, e à D. Dochinha, pelos ensinamentos de viver a santidade em vida.
Neste momento tão especial, a todas vocês, a todos vocês, expressamos os nossos agradecimentos, aos que aqui vieram, aos que aqui não puderam vir, por sermos uma só família, e à D. Dochinha, pelos ensinamentos de viver a santidade em vida.
Igreja São Francisco de Assis, Vila Ipê aos oito de abril de 2014