domingo, 5 de julho de 2015

Amar o que for de mais novo

Amar o que for de mais novo
Como o novo que vai
                                   e
                                        volta
com a mesma idade que
acaricia nosso corpo
                                   avançando
                                                    ou
                                                    r     
                                                  e                                                     
                                                c
                                              u
                                            a
                                          n
                                        d
                                      o
no tempo das idéias que não respeitam
mãos macias
                        ou
                                   calejadas
e faz de cada dia o amar
do que for de mais novo
Seja a casa de portais encanecidos
seja o rosto brilhando as pérolas
                                                   de um olhar
seja o gosto pelo sol
ou a certeza mais bruta
que violencia os corações
                                         dos marginalizados
e que em tudo isto resta um pouco
mas, muito mais que um só abraço possa conter

Amar o que for de mais novo
não o que for regido pelo tempo cronológico
mas, pelo tempo que transborda
no coração
                        de
                                   uma
                                               emoção
ou o que incendeia o rosto
no ódio desvairado contra as instituições
que sobrevivem à dízimos de sangue

Amar o que for de mais puro
mesmo no tempo em que pureza
e violência se confundem
assim como se misturam
o abraço amigo
e a estocada de um canivete
                                               bêbado
ambos guardados na mesma cela
de um dia de santo qualquer

E o que for de mais novo
ser o mais velho de nossos corações
e o que for de mais belo
ser o mais sincero de nossas emoções

E o que for do amigo

ser nosso por toda a vida

sexta-feira, 3 de julho de 2015

O tempo, este, interminável!

Em outras eras o tempo para ouvir o eco (ou os ecos) de uma mensagem enviada em forma de carta era interminável. O papel de carta era fino, para não pesar, o peso medido em gramas. As palavras, as frases, eram pensadas, medidas, se errasse, às vezes, era uma folha a mais que se perdia. E era ao fechar com a goma arábica e em seguida postar, que o tempo começava a ser medido.

Contava-se as horas, os dias, as semanas ... o tempo era calculado para a carta chegar, e vivia-se este tempo medido, minuto a minuto. E a expectativa: a carta chegou? não houve desvio? se fosse em segredo, então, não caiu em mãos erradas? A partir de então era o tempo do eco, este sim, era interminável. A caixa de correios rebuscada, esquadrinhada, todo dia. A a vinda do carteiro ansiada, se parasse em frente então, o coração descompassava. E como!

Hoje vivemos o momento da instantaneidade, trocamos mensagens a todo momento, podendo ser em qualquer hora, em qualquer lugar. Ah, mas o tempo para ouvir o eco, os ecos? estes continuam intermináveis, pouco mudou sua natureza, o coração em si descompassado, mesmo que os signos já não sejam os mesmos. Da mesma maneira, mesmo que com frases entrecortadas, no imediato, a imaginação, os sonhos, as ilusões, se misturam com a mesma rapidez com que as palavras são escritas e enviadas ... após o clique, então sem retorno, mesmo que na instantaneidade, as palavras continuam medidas, as frases calculadas, mesmo que com a tecla del, o copia, o corte, o recorte e cole, o tempo continua interminável. Mesmo os tempos sendo outros, em cartas ou sms, retratos ou imagens instantâneas, sonhos e ilusões se misturam,  o velho e o novo, mesmo que os tempos sendo outros, sonhos e ilusões se refazem, se desfazem.

O tempo, este, interminável, foi o tempo da partida, este continua aqui, interminável, o senhor continua aqui e, com ele, confabulando, a alegria da volta e, com ela, o encantamento.