sexta-feira, 7 de maio de 2010

E VENTO O VERDE

E Vento o Verde
o verde se esvai, e vai para sempre,
e nós aqui, como se nada estivesse acontecendo
a televisão e suas novelas,
a crise econômica, a guerra no oriente médio
hoje bombardearam a Faixa de Gaza
assassinaram 270 palestinos
em reação, atingiram um israelense
números com que a imprensa se farta
e meu filho brincando de pique, de pega
com a meninada na rua
a maria clara e sua química
luana, agronomia
jussara, biologia
luciano, cinema
todos com sua história
a história deles está começando,
como a minha, não sei mais
pois o verde está indo
nas ventanias de um mundo que dá apenas mostra do descontrole
o toque já foi dado
não se tem mais volta
então nossa história perde sentido
e, sem sentido, fico vendo meu filho brincar de pique,
de pega, na noite escura
onde as estrelas ainda brilham nos céus
mera ilusão, aqui, ou no tibete, em madagascar
são luiz do maranhão, kassel ou em rodeadouro
embora a meninada ainda brinque
embora os shopings iluminados dia e noite
um mundo sem estrelas, sem luas, orvalhos
cujo coração é o sobe e desce da bolsa de valores
quantos financistas, oh, quantos de nós subordinados à esta veia
insidiosa gangrena tecendo seus tentáculos virtuais
hoje se dispersa a matéria, o real
a terra perde os sacramentos
o sertão transparece nos desertos verdejantes
esvai-se nos braços de riobaldo
o verde toma corpo
o verde venta
todos nós, somos todos um
mesmo que um fosso abissal nos separe
somos todos um,
somos todos um . . .

(Montes Claros, janeiro de 2009)

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