segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

ENFRENTANDO DO GOLPE COM AS ARMAS ERGUIDAS: NÃO À CULTURA DO SILÊNCIO!

Zeferino, de Henfil. Fonte: https://admbrasileira.wordpress.com/2015/11/03/o-significado-do-traco-de-henfil-e-seus-personagens/comment-page-1/

Conversando com os meus amigos sobre o contexto atual do Brasil, me veio por diversas vezes a frase – vamos desenterrar as garruchas ... vamos desenferrujar as garruchas! De fato, este era o sentimento que brotava ao assistir quase diariamente os jornais das emissoras dos canais de TV aberta: Band, Record, SBT, Globo. Reportagens e comentários cínicos que vieram desconstruindo no dia-a-dia, de forma acintosa, as conquistas populares que, ao serem garantidas na Constituição de 1988, em sua maioria não tinham saído do papel. Mesmo que muito parcialmente, vimos o Governo Lula vir abrindo esta agenda, onde educação, renda, saúde, habitação, luz elétrica, direito das mulheres, dos afrodescendentes, entre outras pautas e mesmo que discordando do enfoque dado à algumas destas pautas, elas foram abertas.

Foram meses e meses, desde  a re-eleição de Dilma, que a mídia elegeu os alvos e passou a atirar de forma inclemente no PT, no combate à corrupção. E foi atirando contra estes alvos, de forma seletiva e cruel para atingir o que poderia representar o avanço democrático, mantendo a estrutura carcomida da corrupção desde sempre presente no executivo, legislativo e judiciário brasileiro. Esperávamos o povo sair às ruas em defesa dos direitos ameaçados mas, salvo a resistência digna e firme pelos movimentos sociais mais organizados, pela expressão viva dos povos indígena, das mulheres e da juventude, o que vimos foi o silêncio sendo imposto exatamente pelos meios que deveriam ser a expressão das liberdades democráticas.

Era então, frente a estes momentos de desilusão, que as imagens das garruchas sendo desenterradas, desenferrujadas, vieram à mente. Fazendo menção ao mesmo sentimento que, no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, tomou o coração e a alma de milhares de brasileiros que optaram pela luta armada.

O aprendizado, o duro aprendizado deste período, aprendizado que é reforçado ainda nos dias de hoje quando vemos o Ocidente, através de sua expressão armada, os Estados Unidos da América, bombardear o Iraque, a Líbia, a Síria: é pelo campo da violência que as forças conservadoras nos derrotam. A violência é intrínseca a este regime onde economia e guerra não passam de faces de uma mesma moeda. 

Ouvindo outro dia um debate promovido pela TV Assembléia de Minas Gerais foi que conheci o pensamento de Venício Lima, por ele mesmo. Uma abordagem que ajuda a entender de forma muito atualizada o contexto das contradições políticas da sociedade brasileira que, desde sempre, sufocou e continua sufocando com as forças das armas toda e qualquer tentativa de levante. Assim como aconteceu com a Guerra dos Mascates, com Guerra de Canudos, Contestado, Trombas, Guerrilha do Araguaia, a violência é a mesma, ocasionalmente mudando as armas ou o formato ou o calibre das balas. Como nos aponta Venício Lima, o imbricamento umbilical entre comunicação e política na democracia contemporânea é uma das armas mais potentes na manutenção do silêncio. 

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